Carioca do catano não queria ver a novela...

A carioca do catano não queria ver a novela...

Passei os últimos tempos nos putanheiros anónimos mas tive uma recaída. Fui lá só para beber uma mini e deixei-me levar por um perfume, que vim a descobrir era rasca. Mas já tinha saudades de apostar nas corridas dos cavalinhos...

Por mais que tente, também não consigo de deixar o sentimentalismo totalmente de parte. Dizia-me um grande companheiro putanheiro, que se apaixonava facilmente por elas. É certo que as trocas semanais de rebanho, despertam nos lobos uma gulodice extra, mas deixam para trás um certo sentimento de perda, uma certa nostalgia que a cabeça de baixo se encarrega de mostrar às novatas, hirto como se não houvesse amanhã.

Desta vez utilizei o método do passeio diário após o jantar, para me deslocar à fábrica das bonecas despercebido. Vesti o colete reflector e lá fui eu estrada abaixo a arrotar às sardinhas do jantar. De escabeche. Quem por mim passava dizia adeus e sorria de inveja do exercício que as minhas pernas estavam a levar. Os mosquitos iam chupando o que podiam. À chegada o porteiro com o cumprimento habitual.

Fui sincero de mais ao escrever que tinha passado pelo tasco das galdérias, e apenas bebi um café. Ponderei mentir, mas de facto o resto do dinheiro que tinha nos bolsos era para subir as escadas do pecado e entrar num dos quartos do diabo. Infelizmente o Sócrates não ponderou ainda bem os nossos salários e as quengas estão pela hora da morte. Assim como as minis do dito estabelecimento comercial.

Bataclan

Um certo dia entrei no bataclan da Costeira e pedi um café. Enquanto o bebia senti uma mão meter-se pelas calças adentro. Estava de fato de treino, de pé ao balcão, e a dita mão tinha unhas fortes. Senti-as como agrafos. Ainda não tinha visto a cara da predadora e já estava de pau feito pronto para ser chupado. Aquelas unhas foram o gatilho. A pródiga senhora tinha-as recortado em bico e banhou-as num verniz preto ao estilo gótico. Virei-me e ela não me olhou nos olhos. Imaginei por momentos que deveria haver um piercing naquela língua.

 
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